
Jovem com doença rara só podia ingerir 3 alimentos

Conhecida como gastroenterite eosinofílica, a condição rara faz com que o organismo de um jovem veja a comida como uma ameaça.
Ben Sutter, hoje com 24 anos, passou a maior parte de sua existência sem a experiência de uma refeição completa. Diagnosticado com apenas 15 meses de vida com uma condição rara chamada gastroenterite eosinofílica (GEE), ele só podia consumir três alimentos com segurança: batata, arroz e milho.
A doença do rapaz faz com que seu corpo reaja à comida como se ela fosse um perigo para o organismo. “Você passa a notar o quanto a sociedade gira em torno da comida, como em celebrações de aniversário e outros eventos. Sempre existe um elemento que envolve alimentação, e acredito que você só percebe isso quando não pode fazer parte”, relata Ben em uma conversa com a revista People.
A GEE sempre impôs limites à rotina do jovem, que dependia de uma bebida hipoalergênica à base de aminoácidos, a Neocate Splash, vendida em embalagens de suco. Dos 3 aos 16 anos, sua nutrição era garantida por uma sonda alimentar que administrava duas caixas da fórmula a cada trinta minutos.
Até completar 20 anos, somente batata, arroz e milho eram considerados seguros para ele, e mesmo assim, precisavam ser preparados de uma maneira específica. Para experimentar um novo alimento, Ben tinha que se submeter a uma endoscopia digestiva depois de consumi-lo diariamente por um mês, o que tornava o processo exaustivo, tanto física quanto emocionalmente.
O que é GEE?
A gastroenterite eosinofílica (GEE) é uma enfermidade inflamatória rara que atinge o sistema gastrointestinal. Ela é marcada pelo acúmulo de eosinófilos nas paredes do estômago ou do intestino. A presença excessiva desse tipo de glóbulo branco desencadeia a inflamação.
Os principais sintomas da condição incluem: dores abdominais, náuseas, vômitos, diarreia e perda de peso. O tratamento para a GEE pode envolver dietas restritivas, uso de medicamentos e, em situações mais severas, procedimentos cirúrgicos.
Início do tratamento e novas jornadas gastronômicas
A vida do jovem passou por uma grande transformação em 2021, quando ele iniciou o uso do Dupixent, um remédio que combate a inflamação e permite que ele coma sem a necessidade de exames constantes.
Com apenas um mês de tratamento, os resultados dos exames indicaram que a saúde digestiva de Sutter estava boa pela primeira vez em quase 16 anos. Após três meses, os médicos deram autorização para que ele experimentasse frutas, carnes e vegetais, com exceção de frutos do mar e alérgenos comuns, como leite e ovos.
Apesar da dieta limitada por quase toda a vida, ele sempre teve um fascínio por alimentos crocantes. Por esse motivo, sua primeira refeição depois da liberação foi uma minicenoura e aipo – escolhidos por sua esposa justamente pela textura que ele achava atraente.
“Não sou uma pessoa ansiosa e raramente fico nervoso, mas eu estava suando só de olhar para a comida. Estava com muito nervosismo e medo”, descreve ele.
Ele deu uma pequena mordida nos alimentos, mas não gostou do sabor e os descartou imediatamente. O rapaz também notou que seu estômago não conseguia comportar muita comida, já que sempre ingeriu pequenas porções desde a infância. As quantidades e as texturas ainda são obstáculos no processo de experimentação de Ben.
Atualmente, ele segue provando novos pratos e dividindo suas vivências em suas redes sociais, onde documenta sua jornada de descobertas alimentares.